Categorias
Categorias. — Isoladamente encontram-se dez categorias fundamentais do discurso que não combinadas significam uma das seguintes coisas: “o que é”, nominado “substância”; exemplos: “homem”, “cavalo”, “pedra”; “quão grande é” ou “quanto é”, nominado “quantidade”; exemplo: “dois côvados”, “metade”, “dobro”; “que tipo de coisa é”, nominado “qualidade”; exemplo: “branco”, “frio”, “duro”; “com o que se relaciona”, nominado “relação”; exemplo: “maior que”, “menor que”, “pai de”; “onde”, nominado “lugar”; exemplo: “na praça”, “perto rio”, “entre as casas”; “quando”, nominado “tempo”; exemplo: “ontem”, “agora”, “no futuro”; “qual a postura”, nominado “posição”; exemplo: “deitado”, “em pé”, “curvado”; “em quais circunstâncias”, nominado “estado” ou “condição”; exemplo:“calçado”, “armado”; “quão ativo” ou “qual o fazer”, nominado “ação”; exemplo: “correndo”, “pensando”, “escrevendo; “quão passivo”, ou “qual o sofrer”, nominado “paixão”; exemplo: “é cortado”, “é queimado”.
Substância (οὐσία [ousía]) . — Aquilo que “é” em si mesmo, realidade irredutível de todo ente, existindo por si mesma, inalterável. Distinguem-se as substâncias primárias das secundárias pelo seu universalismo, enquanto as secundárias são gerais como “homem” ou “cavalo” as primárias se particularizam como “Sócrates” ou “Rocinante”. Substâncias também não admitem contrários ou graus, como poderia “Sócrates” ser mais ou menos “Sócrates” ou qual seria o contrário de “Cavalo”?
Gênero. — Se diz gênero o princípio da geração de cada um, seja de origem (família, linhagem, pátria), descendência ou grupo. Assim o gênero de Sócrates pode ser tanto em sentido derivado de Sofronisco, seu pai; como ateniense, pertencente à cidade de Atenas; ou, ainda, no sentido mais amplo e universal, como animal.[^1]
Espécie. — Se diz espécie aquilo em que o gênero se predica. Sendo animal o gênero de Sócrates, humano é sua espécie. A espécie passa por um processo de especificação, indo dos generalíssimos, aqueles sem gênero ascendente, aos especialíssimos, aqueles sem espécie descendente.[^2]
Diferença. — A diferença é aquilo pelo qual cada ser se distingue dos outros. Separam-se as diferenças em comuns, próprias e mais próprias. Diferenças comuns tornam o objeto alterado, mudando-o ligeiramente sem afetar sua essência, como Sócrates pode passar do sono a vigília, perder os cabelos ou engordar. Diferenças próprias tornam o objeto mudado, mudando-o mais radicalmente, mas ainda sem afetar sua essência, como a castração de Abelardo, a cegueira de Galileu ou a loucura de Nietzsche.Diferenças mais próprias o tornam outro, transformando sua essência, como na metamorfose da lagarta a borboleta. As mudanças que tornam o objeto outro são chamadas específicas e as que tornam mudado, simplesmente diferenças. Dessa forma, algumas mudanças são separáveis enquanto outras inseparáveis, ou seja, algumas podem ser adicionadas ou removidas sem mudar a essência, outras inseparáveis por si ao pertencer à essência do ser, ou às vezes por acidente por não definirem a essência mas serem fixos ao ser.
Movimentos . — Transformações no estado de um objeto, essa alteração pode se manifestar em seis categorias distintas: “Geração”: Surgimento de algo que não existia; “Corrupção”: Desaparecimento de algo que existia; “Aumento”: Crescimento em tamanho ou quantidade; “Diminuição”: Redução em tamanho ou quantidade; “Alteração”: Mudança de qualidade, como cor, temperatura ou textura; “Deslocamento”: Mudança de posição no espaço.