Descrevendo imagens — Um Recorte.
O texto distribuído pelo governo federal “O Uso Correto do Texto Alternativo”, uma tradução livre do artigo “Appropriate Use of Alternative Text” da Web Accessibility in Mind aponta que o texto alternativo “é o princípio de acessibilidade mais conhecido e também o mais difícil de ser implementado de forma correta.”. “Alt-text” ou “Texto Alternativo” é uma transcrição de imagem que provê sentido e descrição de imagem para leitores de telas, navegadores e motores de busca. O Texto Alternativo é de suma importância para pessoas portadoras de deficiência visual; os fornece contexto e navegabilidade na web.
Em linhas gerais o pequeno manual denota que um texto alternativo adequado deve apresentar o conteúdo e a função da imagem. O conteúdo é a Imagem-em-si, se a imagem for uma foto de Santos Dumont então seu conteúdo é simplesmente “Santos Dumont”. A função concerne a sua aplicação contextual em uma página, um ícone de seta que te redireciona para a próxima página ou um ícone de download não podem ser transcritos simplesmente como “Seta para a direita” e “Seta para baixo” mas para algo como “Próxima página” e “Download”. Independentemente do conteúdo ou função da imagem, o Texto Alternativo de ser sucinto e capaz de representar o conteúdo de forma acurada e equivalente. Evitar redundâncias, desvios, detalhismos. Não repetir informações já contidas no contexto da imagem, sem preâmbulos como ‘imagem de…’ ou ‘gráfico de…’.
O manual oferece um método simples para escrever Textos Alternativos para sites institucionais, blogs, wikis e demais páginas habituais da internet, mas a Descrição de Imagens vai muito além disso. Para redes sociais, galerias e portfólios simples Textos Alternativos normalmente limitados a 125-250 caracteres não bastam. Imagine a frustração de um usuário ao acessar uma rede social, um museu ou galeria de arte e se deparar com Textos Alternativos simples como “Gato Rajado” ou “Quadro - Estrada de Ferro Central do Brasil”.
Por sorte, Veronica Lewis em seu blog Veronica With Four Eyes nos dá dicas do que incluir em uma boa descrição de imagem para esses casos. Veronica elenca seis elementos essenciais presentes em uma imagem que devem ser transcritos, sendo eles em tradução livre: Quem, Expressão, Configuração, Cores, Disposição, Detalhes. Vejamos abaixo o que cada um significa.
Quem. — Descreva o modelo da imagem, seja uma pessoa, um personagem, um objeto ou um animal. Se for uma figura conhecida, não há necessidade de detalhes extras. Como dito, se a foto for de Santos Dumont, basta dizer: “Santos Dumont”. Não há porque descrever que Pelé é negro, que Ayrton Senna tem o cabelo escuro e ondulado, que Zé do Caixão usa cartola e tem unhas enormes ou que Blanka é verde. Para modelos desconhecidos forneça etnia, sexo, cor do cabelo, faixa etaria. Para animais basta sua espécie ou raça, não há porque descrever que um tucano tem um bico longo e amarelo, que o bicho-preguiça é marrom-acinzentado e tem unhas grandes.
Expressão. — Descreva as emoções expressas pelos modelos, um “olhar de terror”, um “sorriso de alegria”, “rugas de raiva”. Se você tem dificuldades para identificar emoções, confira bancos de imagem que cataloguem expressões e suas emoções correspondentes como o FACES e o FacesDB e compare com a foto a ser descrita. Outra ferramenta útil é a Roda Das Emoções de Plutchik. Se você tem dificuldades com a escrita, a blogueira Aline Duarte dá dicas de como descrever emoções em seu texto Escritores: 101 Expressões Faciais e Emocionais.
Configuração. — Forneça contexto adicional descrevendo o cenário da foto. O significado de uma pessoa segurando flores muda se ela está em um cemitério, num jardim ou no encontro no parque. Ainda assim, evite fornecer informações de localização exata a não ser que elas sejam públicas para evitar expor involuntariamente a localização da pessoa.
Disposição. — Forneça a orientação espacial da imagem, trace a posição dos elementos: da esquerda para a direita, de cima para baixo, dentro, fora, acima, abaixo ou em qualquer outra configuração.
Cores. — Evite o verbicídio especialmente ao descrever cores. Não há porque discorrer como o amarelo do sol é vibrante, vivo, ardente, incendiante quando ele aparece no fundo de uma selfie ou em uma paisagem qualquer. Descreva cores e seus tons, sombras e intensidade.
Detalhes. — Cuidado com o detalhismo, descrever cada folha de cisco de uma árvore pode parecer minucioso, mas raramente leva a algum lugar. Descreva o que torna a imagem única e interessante. Um ninho de pássaros, flores, frutas, espinhos é o que torna a sua árvore diferente das demais.
Por fim é importante ressaltar que esse é apenas um resumo sobre textos alternativos, as coisas podem ser diferentes para descrever quadrinhos ou descrever memes mas em linhas gerais estes são os princípios básicos para a descrição de imagem.