Leituras de 2025 — Uma Retrospectiva

Este foi o ano em que mais li, pouco mais de 100 livros. Uma meta que não pretendo bater tão cedo. Se em 2026 pretendo ler menos e ler melhor, terminarei em 2025 listando as leituras que mais me apeteceram. Não espere uma resenha ou sinopses, isto são mais pequenos comentários soltos.

O mercador de Veneza (William Shakespeare [8 de Janeiro de 2025]). — Primeira experiência Shakespeariana me encantou com a força de seus diálogos e carisma de seus personagens e conclusão inteligente. Carrego comigo as palavras de Pórcia “Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.”

A Vegetariana (Han Kang [17 de Janeiro de 2025). — Vertiginosa história sobre loucura e violência, sobre o papel das mulheres e rebelião. É visceral e ao mesmo tempo sensível. Os sonhos de Yeonghye me intrigam mas sua realidade é que é difícil explicar. Livro que li em um único dia.

Pulp (Charles Bukowski [20 de Janeiro de 2025]). — Situações estranhas, diálogos surreais, humor ácido, o clichê do detetive decadente e a sensação de que todo mundo em Los Angeles é uma paródia. Está é uma história pulp feita por um velho safado que me surpreendeu pela sua esquisitice, obscenidade e sacadas geniais. Assim como Belame “Me dava raiva olhar o espelho, mas olhei assim mesmo.”

Balas de Washington (Vijay Prashad [26 de Janeiro de 2025]). — Um exímio compilado de assassinatos, golpes e contrarrevoluções orquestradas e promovidas pelos Estados Unidos e o preço a ser pagas por cada bala. “Cada bala disparada derrubou uma revolução e deu luz à nossa barbárie atual. Este é um livro sobre balas.” Um dos livros que mais tenho citações guardadas.

O capital (Karl Marx [12 de Fevereiro de 2025]). — Primeira sessão complicadíssima mas extremamente reveladora. Para além disso, imaginei que seria um livro apenas de teoria, mas ele também faz um trabalho importante de denúncia da barbárie que se alastra até os dias de hoje.

As Veias Abertas da América Latina (Eduardo Galeano [25 de Fevereiro de 2025). — As chagas de nosso continente são expostas de forma crítica e perspicaz. Colonialismo, genocidios, escravidão, monocultura, latifundiarios, ditaduras, intervenções, dependência. Galeano para além de divulgar a história de maneira declaratória é consciente da causa de nossas feridas e do porque até hoje nunca cicatrizaram. “O capitalismo central pode dar-se ao luxo de criar seus próprios mitos e acreditar neles, mas mitos não se comem, bem sabem os países pobres que constituem o vasto capitalismo periférico.”

O caminho dos reis, Palavras de Radiância, Sacramentadora (Brandon Sanderson [26 de Abril de 2025], [28 de Maio de 2025]). — Um épico que queima lento em milhares de páginas. Sanderson me conquistou com mais um vasto mundo novo, povoado com sua própria história, folclore, costumes, povos e claro uma história épica que é a culminação de milhares de anos. Um épico que me fez retomar o interesse pela fantasia.

Introdução à dialética (Theodor W. Adorno [25 de Junho de 2025]). — Aulas ministradas por Adorno em uma introdução crítica à dialética hegeliana. Às vezes o ritmo das aulas ditas oralmente não se traduzem bem ao papel, por outras o papel permite a releitura ou ao menos notas do editor que são sempre bem vindas.

Imperialismo, estágio superior do capitalismo (Vladimir Ilitch Lênin [26 de Junho de 2025]). — O imperialismo de Lênin se mostra atual nós dias de hoje nós entregando a gênese da formação dos monopólios, do capitalismo financeiro, do rentismo e obviamente do imperialismo como a fusão do capital industrial com o capital financeiro em meios de se exportar ao redor do globo.

Karl Marx: Uma Biografia (José Paulo Netto [4 de Dezembro de 2025]). — Uma excelente biografia que longe de ser um amontado de trivias e anedotas da vida privada de Marx se mostra na verdade um panorama do seu desenvolvimento teórico sustentado pelos acontecimentos de sua vida material.

Para além desses meus favoritos este foi um ano de leituras espontâneas e plurais: Schopenhauer, Nietzsche, Kroptin, Rosa Luxemburgo, Malcolm X, Russell Kirk, Lewis, Chomsky, Pierce Butler, Lyotard, Ailton Krenak e tantos outros. Em 2026 pretendo retomar um estudo linear da história da filosofia e da história do mundo, então me ocuparei primariamente da coleção do Coplestone e Hobsbawm. Não espero tamanha abundância e variedade. Veremos o que 2026 nos trará.